Talvez, este seja o texto mais difícil que já escrevi...
Infelizmente, devido a uma lei boba, não posso ser, ao mesmo
tempo, professor estadual e Diretor Municipal de Cultura e Turismo. Isso quer
dizer que, a partir de hoje, não mais atuarei nas escolas Gregória de Mendonça
e Visconde do Rio Branco. Depois de quase oito anos, é preciso dizer “adeus”...
Desde 6 de maio de 2009, as desgraças e as alegrias na
educação regular pública foram muitas. Lembro-me como se fosse ontem: eu havia
ficado cinco anos na Folha Patrulhense e, faltando alguns meses para me formar em
Letras, entrei na educação. Inicialmente, comecei tendo 25 horas no estado,
intercalando períodos de Inglês, Ensino Religioso e Artes. Em menos de um mês,
já aumentei a carga horária para 40, com o acréscimo de Português. Alguns anos
depois, passei a lecionar Literatura também. E como última disciplina, tive
Seminário Integrado, a qual, por sinal, não será mais ofertada a partir do ano
que vem.
Passei pelas Lições do Rio Grande da Yeda e, nos últimos
cinco anos, pelo Ensino Médio Politécnico de Tarso. Sartori decidiu modificar o
ensino público a contar de 2017. Foram muitos planejamentos, discussões, coisas
realmente foram colocadas em prática e, também, coisas que só ficaram no papel.
Foram muitas provas, muitos trabalhos, conselhos de classe divertidos (de
bate-boca também), gincanas, formaturas, homenagens, convívio com colegas muito
legais (e com péssimos também), etc., etc., e etc.
Lembram que costumo brincar acerca da minha real idade? Sempre
minto que tenho 20 anos. É que conviver com jovens (em especial, os do Ensino
Médio) faz com que eu me sinta sempre jovem, como se estivesse no antigo 2º
grau. É claro que os adolescentes mudaram muito ao longo dos anos, porém boa
parte dos conflitos, alegrias e confusões permanece a mesma. Dar aula não é só
aplicar o que a faculdade nos diz para fazer. Na verdade, ela nos prepara para
um mundo ideal, perfeito. Entretanto, a realidade é bem outra. A gente até
tenta seguir à risca tudo que as “professoras doutoras” relataram ser o certo
na universidade, mas isso dura pouco tempo. É preciso “pegar o jeito da coisa”.
Quantas vezes me peguei pensando em como as professoras Bela, Iveti ou a irmã
Neli agiriam em determinadas situações? Perdi as contas. As referências
docentes do passado fazem parte do professor de hoje, embora os métodos de
ensino tenham modificado.
A relação com os alunos foi de amor e ódio todo santo dia.
Aquelas criaturas que aprontam o tempo todo, de repente, fazem algo certo
(normalmente, é no fim do ano), e você, professor, se derrete e perdoa tudo.
Aí, a armadura de bravo e exigente cai por terra. E como explicar o bom
comportamento dos “anjos” nos passeios? Por que não são assim na escola?
E o descaso do governo com a educação? E a imposição de
políticas que nós, docentes que realmente estão em sala de aula, sabem que não
funcionam? E os salários parcelados? E a sociedade contra nós por conta de
paralisações? Isso tudo é um eterno choro.
O texto está tomando um rumo fatalista, creio eu. Estou
encerrando um ciclo de sete anos e sete meses na educação estadual; isso não
quer dizer que nunca mais estarei nela de novo. Continuarei com algumas turmas
de inglês na Escola Mundo Office e, havendo compatibilidade, Português e
redação para vestibulares e ENEM. Voltarei um dia à “escola normal”? Quem
sabe?...
A todos que trabalharam comigo na educação em todos estes
anos, fica aqui o meu “muito obrigado” por tudo. Não quero perder o contato com
vocês (alunos, ex-alunos e professores). São pessoas (muitas, por sinal) que
não podem ser deletadas da minha vida.
Que 2017 seja de renovação! Que possamos dar “adeus” ao
passado e “olá” para o futuro!
Passeio com a Escola Visconde do Rio Branco
Varal Poético na Escola Visconde
Excursão do 3º ano da Escola Gregória a Camboriú
Formatura da Escola Gregória de Mendonça
Um dos chás gregorianos
“As chefas” na recepção da minha formatura em 2009